teu
canto é como a noite:
lindo
misterioso e infinito
tua
voz é negra
é
rouca
é
aveludada
teus
tons são inúmeros
são
mil tons
na
tua melodia se escondem
antigos
garimpos
caminhos
reais
igrejas
barrocas
ponta
de areia
negrinhos
descalços
os
tambores de minas
rufam
em ti
as
vozes da senzala
da
novena
da
favela
dos
bares da vida
encontram
no teu canto
a
liberdade
em
teu nome há minas
há
nascimento
há
trens azuis
beija-flores
rouxinóis
florestas
imensas
e
índios
as
montanhas e rios de minas
te
chamam:
river
phoenix
morro
velho
promessas
do sol
coração
de estudante coração americano
bola
de meia bola de gude
a
folha da juventude
as
procissões de minas
passeiam
por ti
qual
travessia
– existe
um clube da esquina
pulsando
dentro de mim
sentinela
san
vicente é teu nome
tua
voz e teu violão
dão
vida a todas as coisas
e
a todos os que calam
– e
é como se deus falasse
e
cantasse
e
chorasse e gritasse e risse
o
teu canto é mesmo de fé
maria
maria
nossa
mamãe soberana
milagre
dos peixes
angelus
cálix
bento
casa
aberta
onde
mora o mestre
obrigado,
milton
em
ti somos todos
(re)nascimento
(25.III.2017)